Proyecta, Imaginando outros reinos possíveis

19 abril 2017

Estamos vivendo uma época em que os paradigmas tradicionais implodiram e se mostraram desgastados como resultado de uma crise mundial que está durando muito tempo. No rescaldo da perda dos valores antes considerados imutáveis e da flagrante demonstração de desigualdades, uma parte cada vez maior da cidadania tomou consciência da necessidade de construir novos modelos através da participação direta na vida política, ou seja, o que todos nós construímos em conjunto em nossa convivência diária. Esta abordagem é, por sua vez, uma reivindicação ativa decorrente de iniciativas locais com influência e repercussão não limitadas às fronteiras da polis (a cidade), mas tendo ressonância entre todos os cidadãos. Nesta linha, outros mundos, outras cidades, outras possibilidades de construir um “nós” estão sendo delineadas, testadas e imaginadas.

Neste contexto, a cultura fotográfica também está em meio à reinvenção e ao questionamento, tomando como ponto de partida sua natureza de meio de difusão e de ferramenta participativa. Atualmente, a fotografia – tanto o meio como a tecnologia – está se tornando mais plural.

Assim, hoje os fotógrafos compreenderam que uma imagem em si não é suficiente e estão explorando e experimentando. Mas acima de tudo, eles estão conscientes de que têm em suas mãos um dispositivo fantástico, capaz de imaginar outros reinos possíveis. E imaginar, como disse Hannah Arendt, é a capacidade de empatizar com o outro.

Independentemente de sua origem, os fotógrafos criam imagens que nos mostram outras partes – tanto do mundo como de nós mesmos ou do meio em si – e através delas esboçam microficções. Eles colocam em imagens histórias polimórficas nas quais o outro não está mais fora, mas dentro. Assim, a alteridade é transferida, desencadeando micro gestos com uma força latente que consiste em sua capacidade de diluir bordas e fazê-las desaparecer.

Esse conceito de superação, de ir além dos limites, é uma prática crucial na construção de um “nós” mais inclusivo, pois só através da empatia é que podemos imaginar outros reinos possíveis.

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