03 agosto 2020
E se a pele fosse o espelho da alma? A ciência, em parte, prova-o e valida-o. A psicodermatologia nasceu no Hospital Universitário de Brest há dezoito anos, e desde então percorreu um longo caminho, combinando com sucesso duas disciplinas para refrear o problema: o tratamento da pele e os cuidados psicológicos. Porque, como nos recorda o Professor Laurent Misery, fundador desta disciplina, o cérebro e a pele estão intimamente ligados. O trauma deve, portanto, ser tratado em conjunto.
É evidente que a pele, “a pele que habitamos”, parafraseando o realizador Pedro Almodóvar, desempenha um papel complexo. Mais do que uma barreira, é a nossa interface com o mundo exterior, uma fronteira com ameaças ou agressões. É ao mesmo tempo um refúgio, um limite, uma interface multifuncional, capaz de regular a nossa temperatura interna, de sintetizar a vitamina D… ou simplesmente de nos dar o toque, o primeiro dos nossos sentidos a desenvolver-se e o último a morrer. Este envelope contém-nos e designa-nos, tão forte e tão frágil ao mesmo tempo. Desdobrado, pesaria entre três e cinco quilos e teria cerca de dois metros quadrados. Qual é então a nossa amada personalidade?